8/24/2007

PELE

E então se sentou no chão.Porque ali era onde sentia o corpo congelar. Sentia-se vivo. O pulso a latejar. A festa havia terminado. A bebida esfriado. O copo perdido num canto. Desleixado. A camisa rasgara-se na altura do colarinho. A calça, suja, de verde parecia um tom qualquer de azul marinho. A casa crescia. O sol a fazia crescer. E os olhos, como se em chamas ardessem, incomodavam tudo o que queria ver.Ver para não esquecer. As cenas que mesmo depois do porre iram embaçar na mente equivocada. Na memória alucinógena das bebidas. Das substâncias diluídas.Mas, mais. Mais do que lembrar da visão. Queria sentir de novo a pele. Tatear, mesmo em meio a risadas enlouquecidas, a superfície daquela alma que tinha o cheiro de alguma coisa doce.Mesmo no devaneio de toda aquela alquimia dionisíaca, conseguia ainda deseja-la lucidamente qual se desejam poucas coisas na vida. Mas, ao acordar mais tarde, sabia que só os raios do sol o confrontariam. Sabia que só daquele chão frio faria protesto. Da pele, de quem quer que tenha sido, na ânsia de querer te-la, teria esquecido!




Zorieuq De [24/VIII/07]

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