3/11/2007

(Ir)Racional

Era terminantemente proibido. Ultrapassar aquilo ali, mesmo diante de muito sigilo, sabia que ia ser descoberto. E sabia disso porque daria - ele mesmo - com a língua nos dentes.

Isso porque era desse jeito que havia se deixado viver, assim nessa forma de tratamento sempre a mercê. A mercê de qualquer que seja, a dominar-se sem precisar tamanha peleja.

Era puro de coração.Isso lá era mesmo.

Não sabia ser cruel. Não sabia provocar. Não sabia ultrajar. Não sabia arquitetar. Não sabia manipular. Não sabia esquematizar. Não sabia descompensar. Não sabia. Não, não sabia...

Mas...

Desejava - instintivamente.

Zorieuq De.

07/XII/06

Um comentário:

Luciana Cavalcanti disse...

[...]certa vez perguntei a Ana Maria quantas mulheres ela pode ser, por quantas mulheres pode falar... Ana é múltipla. E Ana é única. Suas letras, femininas, trazem a diferença do saber-se/sentir-se/mostrar-se fêmea sem rótulos, esteriótipos. Mulher, fala do desejo feito mulher... e revela homens que, talvez, sejam mais acertados que os que a gente enxerga ao lado, que os que eles enxergam no espelho. Clareza. Fico pasmada como ela traça as pulsações dos sentimentos... Boa letra.