3/11/2007

Mea culpa

Pressão sobre os olhos,
náufragas impressões sobre o Mundo,
enquanto noite e suor escorrem
em meu rosto

Recuso
- por instantes - lembrar
o trabalho que faz ásperas
as minhas mãos
e concepção de mundo

Meus livros
- lixo cósmico, gazes,
pequenos asteróides,
presos
à minh’alma-cometa -
pesam
a bolsa,
os ombros
e o divagar

A madrugada,
talvez, inaugure sentidos,
visite os corpos com seus convites
- ou apenas me traga o vômito.
Do álcool, apatia e apartação,
fruto

Do ventre,
me brota quente
um interior vivo, cheiro espalhado,
gosto, gravado na boca,
do interior de mim
que é alma nunca, mas apenas estômago,
esôfago inflamado,
cólera inflamada (sobre o Mundo)

(des)gosto do Tempo,
indiferente e nu,
correndo em praias
indecifráveis
de um lugar nenhum

Utopia(s)
Ultramarinas mensagens
de solidão

Quando uma estrela de-cadente
beijou o mar,
lá, onde se perde o rio,
beirava
teus olhos,
fraqueza (e gozo) de diluir
a vida em vício,
absorver-te...
Absolver-me.


["mea culpa", poema-gástrico. Luciana: dezembro/00.]

3 comentários:

Anônimo disse...

Tinha que ser Luciana, eu tinha certeza antes de ver a assinatura.
Foderosa, claro.

Unknown disse...

tu tava de ressaca qdo escreveu esse poema??? hehehehehe
ADOREI!

Luciana Cavalcanti disse...

...ressaca?!? Acho que... não lembro. E Leninha já antevê minha cara nos poemas!!! :)
rsrsrs
Este é direto da gaveta para o Linhas Tortas!